Friday, December 19, 2008

Read this on line (Leia isso na web)

You can read on-line articles that I have written

My PhD dissertation "Christian burial practices at Ostia Antica": http://hdl.handle.net/2152/3950

A book review (in Portuguese) for Jonathan Kirch's God against the gods: http://www3.est.edu.br/nepp/revista/016/16milton.htm

An interview (in Portuguese) about the 2007 James Cameron TV special on the tomb of Jesus: http://www.unasp.edu.br/kerygma/entrevista07.asp

A comparison (in English) of Felix and Paul's dialogue with that of Socrates and Eutyphro's (on Philica.com): http://philica.com/display_article.php?article_id=70


Article (in Portuguese) on the so-called gospel of Mary Magdalene (on Ciberteologia.org.br):
http://www.ciberteologia.org.br/05200606/Notas/AImportânciadoEvangelhoSegundoMariaMadalena/tabid/1005/Default.aspx

Article (in Portuguese) about the name of Jesus and the ancient accusation that the early Christians used to worship an ass: http://www.adventistas-bereanos.com.br/2006setembro/ahistoriadonomejesus.htm

Article (in English) about Christ's virginal birth in Ciberteologia: http://ciberteologia.paulinas.org.br/13200709en/Articles/TheuseofparthenosinIs714within/tabid/1043/Default.aspx

Estes são artigos que eu escrevi e você pode ler na web:

Minha tese de doutorado em arqueologia clássica (em inglês) "Práticas funerárias dos cristãos de Óstia Antica": http://hdl.handle.net/2152/3950

Resenha do livro de Jonathan Kirch, God against the gods ("Deus contra os deuses"): http://www3.est.edu.br/nepp/revista/016/16milton.htm

Entrevista (para a revista Kerygma) sobre o especial de James Cameron sobre a suposta tumba de Jesus: http://www.unasp.edu.br/kerygma/entrevista07.asp

Artigo em inglês com uma comparação do diálogo de Paulo e Félix com o de Sócrates e Eutifro, na Revista Philica: http://philica.com/display_article.php?article_id=70


Artigo em português sobre o evangelho de Maria Madalena, na Revista Ciberteologia http://ciberteologia.bizportal.com.br/05200606/Notas/AImportânciadoEvangelhoSegundoMariaMadalena/tabid/1005/Default.aspx

Artigo sobre o nome de Jesus e a antiga acusação de que os primeiros cristãos teriam adorado um asno: http://www.adventistas-bereanos.com.br/2006setembro/ahistoriadonomejesus.htm

Artigo sobre o nascimento virginal de Jesus, na Revista Ciberteologia: http://ciberteologia.paulinas.org.br/17200805/tabid/959/language/pt-BR/Default.aspx

O que sei como pastor

por Miguel Ángel Nuñez
Universidad Adventista del Plata

Sei que falar de Deus é infinitamente mais simples do que dialogar com Deus.
Sei que a idéia de status, implícita na investidura pastoral pode facilmente macular os mais fracos... e os fortes também.
Sei que é mais fácil lutar contra o pecado de outra pessoa do que batalhar contra o meu.
Sei que o púlpito é um lugar sagrado, enquanto não é contaminado pelo orgulho e pela arrogância.
Sei que é mais cômodo liderar, dando a impressão de possuir todas as respostas, do que buscar, dia a dia, e com insistência, a verdade.
Sei que, um dia, deverei prestar contas do que disse, do que não disse e do que sabia que deveria dizer; porém, por medo, conveniência ou política, optei por calar, acreditando que ninguém iria ser afetado por meu silêncio.
Sei que meu silêncio é tão eloqüente como minhas palavras.
Sei que falar é mais simples do que ouvir.
Sei que, entre todos os que me ouvem, existem aqueles que nunca verão o homem que existe em meu interior, travando batalhas tão árduas e desgastantes que nem durante toda a minha vida eu conseguiria descrevê-las.
Sei que, como pastor, às vezes é mais cômodo me acomodar à idéias de que já sei tudo e nada mais preciso aprender.
Sei que devo lutar todos os dias e a cada instante, no silêncio da consciência, não apenas para crer, mas para me conservar nas mãos dAquele a quem tenho a pretensão de guiar outras pessoas.
Sei que devo estar atento aos lobos vestidos de pastores, a fim de proteger minhas ovelhas.
Sei que amar é melhor do que odiar. Porém, é o caminho mais difícil.
Sei que o reduto onde acabam o pensamento e a capacidade de raciocinar é o canto do dogma e da resposta rápida de quem apenas memoriza sem pensar.
Sei que fui chamado a pastorear não apenas os que me agradam. Isso faz com que minha tarefa seja um fardo difícil de levar.
Sei que me levantar em defesa do fraco e do perseguido é infinitamente mais difícil do que a cumplicidade do silêncio.
Sei que é mais simples nos deixar enganar pelo aplauso, do que dar crédito à crítica honesta do amigo que entende que não somos mais do que humanos.
Sei que a repetição constante dos mesmos conceitos, sem pergunta, diálogo e análise, leva inevitavelmente à apatia e à sensação de não ter nada mais a aprender.
Sei que deverei estar resignado de que nem todos me entenderão, às vezes, até mesmo quando acreditam que já entenderam.
Sei que a vida é enormemente mais difícil do que às vezes fazemos parecer em um sermão.
Sei que pregar é mais fácil do que viver.
Sei que, mesmo que dirigir um funeral se torne rotina, não posso evitar o estremecimento de entender que a vida tem fim, e existe a possibilidade de que, em algum momento, outro pastor esteja dizendo as mesmas palavra a meu respeito.
Sei que a teoria é diferente da prática, mas, sem teoria, não há prática que resista.
Sei que carrego sobre meus ombros mais segredos do que gostaria e mais do que desejaria enfrentar conscientemente. Talvez, por isso, me recolho freqüentemente à solidão silenciosa das letras.
Sei que estou ligado a uma forma de vida que inevitavelmente me obriga a ser ponto de referência.
Sei quão difícil é me saber imperfeito, ainda que, em mais de uma ocasião, seja obrigado a crer que devo viver como se não o fosse.
Sei que o pastorado não é carreira, nem profissão, nem trabalho, mas um chamado constante a escutar a voz silenciosa de Deus e fazê-la ecoar, a fim de que outros também possam ouvi-la.
Sei que quando a dor e o erro me arrastarem, necessitarei de outro pastor para me dizer o que digo hoje.
Sei que, um dia, verei a face de Jesus, e terei de reconhecer que muitas das minhas convicções simplesmente foram apenas vislumbres da verdade.

Revista Ministério, set./out. 2006, p. 23.

Friday, December 12, 2008

Tempo e Preocupação

por Milton L. Torres

Santo Agostinho disse uma vez que só sabia o que era o tempo até que alguém lhe pedisse que o definisse. Como pensador exigente que era, não se fiava nas definições dadas por eruditos que o antecederam. Confiava somente na declaração de sabedoria do Eclesiastes: "há um tempo para cada propósito". A palavra tempo parece mesmo indefinível. Pelo menos, era assim que pensava Carlyle que, em sua obra Heroes and hero-worship, não somente reconheceu a natureza indefinível do tempo, mas ainda acrescentou um tributo ao milagre de sua existência: essa coisa ilimitável, silenciosa, eternamente inquieta chamada tempo desloca e se apressa como a maré oceânica que a tudo abraça, na qual nós e todo o universo nadamos como exalações, como aparições que ora existem ora não. Isso é, para sempre e mui literalmente, um milagre!
Nós seres humanos muitas vezes sucumbimos às vicissitudes de nossa época e nos deixamos enredar pelas preocupações que geralmente acompanham a ansiedade dos tempos. Parece verdade, em certo sentido, o que Boileau afirmou: "o tempo vôa e nos carrega com ele". E, por isso, acabamos reconhecendo, com Shakespeare, que "o tempo é o rei dos homens".
O desafio que persiste diante de nós é que aprendamos a descansar na certeza de que o tempo não conspira contra nós e que, na finitude infinitesimal de nossa pequenez, não seremos obliterados por ele. As razões mais insignificantes nos levam à exaustão e a sermos consumidos por nossa própria ansiedade. É preciso olhar adiante, é preciso confiar na esperança, é preciso alcançar a tranquilidade da alma. Que anedota devemos ser para os seres eternos que nos observam! O poema "Os imortais", de Herman Hesse nos dá o vislumbre da banalidade de nossas paixões:

"Dos vales terrenos
chega até nós o anseio da vida:
impulso desordenado, ébria exuberância,
sangrento aroma de repastos fúnebres.
São espasmos de gozo, ambições sem termo,
mãos de assassinos, de usurários, de santos,
o enxame humano, fustigado pela angústia e o prazer.
Lança vapores asfixiantes e pútridos, crus e cálidos, respira beatitude e ânsia ensopitada,
devora a si mesmo para depois se vomitar.
Manobra a guerra e faz surgir as artes puras, adorna de ilusões a casa do pecado,
arrasta-se, consome-se, prostitui-se todo
nas alegrias de seu mundo infantil;
ergue-se em ondas ao encalço de qualquer novidade para de novo retombar na lama.

Já nós vivemos
no gelo etéreo transluminado de estrelas;
não conhecemos os dias nem as horas,
não temos sexos nem idades.
Vossos pecados e angústias,
vosso crimes e lascivos gozos,
são para nós um espetáculo como o girar dos sóis.
Cada dia é para nós o mais longo.
Debruçados tranqüilos sobre as nossas vidas,
contemplamos serenos as estrelas que giram,
respiramos o inverno do mundo sideral;
somos amigos do dragão celeste:
fria e imutável é nossa eterna essência,
frígido e astral o nosso eterno riso."

Essas palavras de sábio comedimento me fazem desejar menos honrarias e privilégios ao mesmo tempo que me lembram de tantas outras que li na pena de Epicuro, Lucrécio e Marco Aurélio. Este imperador chega a bradar, em suas Meditações, "Apaga a imaginação. Pára o jogo dos títeres. Circunscreve o momento presente. [...] Vão açodamento pelas pompas; encenação de dramas; rebanhos; manadas; corpos varados de lança; ossos atirados aos cães; migas de pão deitadas em viveiro de peixes; azáfama de formigas carregando os seus fardos; correria de camundongos espavoridos; bonecos movidos por cordéis. [...] Basta dessa existência lastimável, de resmungos, de macaquices. [...] Em suma, se há um Deus, tudo está bem".
Da advertência do Padre Antônio Vieira, em seu sermão da primeira dominga do advento, nos vem o consolo de existirmos, de saber que vamos morrer e, apesar disso, de podermos viver com dignidade, cheios de esperança e afeto pelos que convivem conosco: "Todos vamos embarcados na mesma nau, que é a vida, e todos navegamos com o mesmo vento, que é o tempo; e assim como na nau, uns governam o leme, outros mareiam as velas; uns vigiam, outros dormem; uns passeiam, outros estão assentados; uns cantam, outros jogam, outros comem, outros nenhuma cousa fazem, e todos igualmente caminham ao mesmo porto; assim nós, ainda que não o pareça, vamos passando sempre, e avizinhando-nos cada um a seu fim".
Estes parágrafos um pouco longos me servem o propósito de dizer a todos quantos lerem estas linhas que, em vez de dar guarida às ansiedades da vida, precisamos dar vazão à vontade de viver e, com ela, fazer deste breve momento da eternidade (a vida) um motivo de júbilo, contido por sua insignificância, mas comovente por sua sinceridade.