Thursday, December 29, 2016

Chegou o ano novo


por Milton L. Torres

                Chegou o ano novo, e nós chegamos com ele. Podíamos ter ficado pelo caminho, como outros ficaram. Mas não ficamos! Aviões caíram, mas nós seguimos voando. Estrelas se apagaram, mas nós seguimos brilhando. Vozes silenciaram, mas nós seguimos cantando. Queridos adormeceram, mas nós seguimos acordados. E isso não é mérito nosso. Se seguimos, é porque foi a nossa vez de receber misericórdia, como no caso daquela tartaruguinha recém-nascida que, num ato de bondade aleatória, um estranho lançou ao mar para fazê-la viver, crescer, experimentar o sabor das ondas e se apaixonar pela vida e pelos vivos. Somos tartaruguinhas recém-nascidas que faremos o que for preciso para continuar vivas no balanço das ondas...
                Só que não! Se refletirmos bem, não será nem um estranho nem um ato aleatório de bondade que nos impelirão a boiar e nadar e dar braçadas enérgicas nos primeiros minutos do ano de 2017. Será o nosso Amigo, Aquele que nos conhece muito bem. Ele gosta de fazer isso. É o Seu costume. Passa o réveillon na praia, tentando salvar o máximo possível de tartaruguinhas enrugadas e míopes. Algumas nem se dão conta de que são salvas, mas é Ele que as salva, todas elas, todos nós. Podemos até não lhe sentir o abraço protetor, as mãos firmes e ternas, mas é sempre Ele que nos impele. Estamos aqui hoje porque Ele nos escolheu. E, se Ele nos escolheu, é porque tem fé em nós! Ele sabe que, neste novo ano de 2017, podemos fazer a diferença na vida dos outros, como Ele faz a diferença em nossa vida. Ele sabe que nossa tendência é nos recolher à segurança do nosso casco, nos acomodar aos passos lentos com que nos deslocamos de um lado para o outro e sucumbir à miopia que praticamente nos obriga a enxergar apenas o que nos está diante do nariz e, às vezes, nem isso.
Ele sabe. E, por isso, Ele nos oferece a metáfora de um ano novo, que, na verdade, não é nada diferente do ano que acabou. Os dias são os mesmos 365, os meses são os mesmos 12, as semanas são as mesmas 52! As febres são as mesmas, as fomes são as mesmas, o cansaço é o mesmo, o trabalho é o mesmo, a casa é a mesma, a família é a mesma, até o corpo é o mesmo! Mas é porque o nosso Deus também é o mesmo, que a metáfora vale. É um novo princípio, uma nova chance: a nossa oportunidade! No dia da nossa alegria, no dia da nossa comemoração, no início dos nossos meses, devemos tocar a trombeta e nos lembrar do Senhor (Nm 10:10). No início do nosso ano, devemos tocar a trombeta e nos lembrar do Senhor. No primeiro dia do resto da nossa vida, devemos tocar a trombeta e nos lembrar do Senhor.

Fomos escolhidos! Estamos escalados para mais um ano. Quer você se sinta como a tartaruga enrugada e míope da minha analogia, ou melhor, ou pior, ainda pode sair em direção às ondas, ainda pode escolher o mar, ainda pode escolher a vida, ainda pode decidir hoje que, em 2017, você não vai desistir, que você será mais feliz, mesmo que as condições sejam até mais desfavoráveis. Com um sorriso nos lábios, eu o convido a tomar a trombeta e fazer com que ela soe alto. Eu o convido a se lembrar. Eu o convido a recordar os momentos felizes da vida: o primeiro passo, o primeiro passeio de bicicleta, o primeiro beijo, a primeira volta no automóvel, a primeira vez, a primeira braçada no mar... Eu o convido a querer tudo de novo: um novo passo, um novo passeio de bicicleta, um novo beijo, uma nova volta no automóvel, uma nova vez, uma nova braçada no mar, um novo ano! Eu o convido a tocar a trombeta!