por Milton L. Torres
O meu
amigo Braga me disse que a gente só precisa de quatro coisas para ser feliz:
viver com paixão, praticar o bem, pagar o preço e sentir-se abençoado. Eu acho
que eu consigo resumir isso em quatro palavras. O que a gente precisa para
fazer essas coisas que ele sugere é paixão, bondade, perseverança e bênção. Para
viver com paixão, obviamente a gente precisa de paixão. Para praticar o bem, a
gente precisa de bondade. Para pagar o preço que tudo isso exige, a gente
precisa de perseverança. Finalmente, para se sentir abençoado, é preciso, antes,
receber e aceitar a bênção. Sem querer ser engraçado, concluo que, para ser
feliz, a gente precisa de PBPB: paixão, bondade, perseverança e bênção!
A
paixão vem do coração; a bondade, da alma; a perseverança, dos músculos; e a
bênção, de Deus. Claro que a gente não tem controle sobre essas coisas o tempo
todo. O que o meu amigo Braga quis dizer é que a gente tem que ter consciência de
que precisa dessas coisas. Por isso, para ser feliz, é necessário estar em paz
com o coração, com a alma, com o corpo e com Deus. E essa serenidade não falta
ao meu amigo Braga, que aprendeu, a duras penas, a sobreviver com um coração
largo, maior do que a envergadura total do corpo, maior do que a boca escancarada,
que o crânio grande de homem cerebral e o pulmão ofegante de aventuras. Essa
serenidade não lhe falta à alma pura de amigo inveterado, à prova de qualquer
traição ou desapontamento, acima de qualquer torpeza ou fracasso. Essa
serenidade não lhe falta ao corpo enorme, do tamanho de seus sonhos e ideais. Essa
serenidade não lhe falta à fé e à certeza de que religião se vive amando,
pregando a Palavra com gestos simples e pequenas atenções, não com retórica artificial
e vazia, da boca para fora.
Por
isso, creio no meu amigo Braga quando ele me diz que, para ser feliz, eu
preciso de paixão, bondade, perseverança e bênção. Ele me mostra como essas
coisas fazem a diferença na vida feliz de quem as vive. E é isso exatamente o
que quero: mais entusiasmo prazeroso pelas efemérides de meus dias corridos;
mais carinho nos relacionamentos, às vezes tão apressados e superficiais; mais elasticidade
diante da rejeição sumária, da inveja tão perniciosa a ponto de verter agressões
verbais e psicológicas, mais espiritualidade para cumprir a missão de amar,
ajudar e inspirar aqueles que, por algum motivo fútil, tenham se alienado das
minhas convicções ou das suas próprias.
O meu
amigo Braga me disse que a gente só precisa de quatro coisas para ser feliz.
Discípulo de Joshua Abraham Norton, imperador dos Estados Unidos da América e
protetor do México, ele sabe das coisas. Quatro coisas são necessárias. Por
que, então, a gente inventa tanta coisa extra, tantas exigências autoimpostas,
tantas desculpas esfarrapadas só para continuarmos infelizes e de cara
amarrada? Acho que isso nem o meu amigo Braga, apesar de sábio, pode
responder...