Milton L. Torres
Você já se deparou com uma “alma boa”? Eu
descobri que essas pessoas extraordinárias existem quando ouvi uma declaração,
espécie de desabafo, do Bob Marley, que eu entendi da seguinte forma: só uma
vez na vida, você encontra uma pessoa capaz de, inocentemente, virar o seu
mundo de ponta a cabeça. Você conta para essa pessoa coisas que não contaria
para outras pessoas e ela absorve tudo e ainda quer ouvir mais. Você lhe fala
do futuro, de sonhos que nunca vão se realizar, de alvos que nunca vai
alcançar, das decepções que já sofreu na vida e essa pessoa nunca fica com
vergonha de chorar com você ou dar gargalhadas com você, mesmo quando você está
agindo como um perfeito idiota. Uma alma boa nunca fere seus sentimentos, nem
lhe dá a impressão de que você não vale nada. Em vez disso, ela mostra para
você o que você tem de único e especial. Você quase acredita que é mesmo
lindo... Uma alma boa nunca coloca pressão, nem demonstra inveja, nem qualquer
tipo de competição, mas apenas uma espécie de calma que distribui aos lugares
que vai. Você pode ser você mesmo, sem se preocupar com o que essa pessoa vai
pensar, pois uma alma boa ama você do jeito que você é. E coisas aparentemente
insignificantes para outras pessoas, como um abraço, uma caminhada, uma
comidinha que vocês repartem, se tornam lembranças que nada consegue apagar. As
memórias da infância voltam tão claras e vívidas, que é como se você fosse
jovem de novo. Coisas que não o interessavam antes se tornam importantes porque
você sabe que essa alma boa se importa com elas. E você não consegue evitar de
se lembrar dessa pessoa quando vê um céu límpido e azul ou sopra uma brisa
fresca. Você lhe abre o coração, pois sabe que não há a menor chance de o seu
velho coração, cheio das marcas do tempo, ser quebrado por essa pessoa. Você
fica vulnerável, mas isso só lhe traz carinho e gozo. Você se fortalece, pois
percebe que pode contar com essa alma boa, que vai estar com você até o fim,
quando ele vier. Por essa razão, a vida parece diferente, mais alegre e segura.
Para isso, basta saber que essa alma boa vai sempre fazer parte de sua vida!
Eu
concordo com o Bob Marley que as almas boas são raras. Entretanto, não acho que
esse encontro só ocorra uma vez na existência. Tenho encontrado algumas delas
ao longo da minha vida. E eu sei quando encontro uma, pois toda vez que isso
acontece, isso me dá uma sensação de bem-estar. Há certa paz e serenidade que
me revelam a sua presença... No meu caso, esse encontro veio muito cedo na
minha vida, antes dos dias rebeldes da juventude, antes dos dias de trabalho
duro e excessivo da maturidade, antes dos dias vagarosos e sonolentos da
velhice. Minha irmã Mônica foi a primeira alma boa que eu encontrei. Eu tive
sorte: a presença de uma alma boa na minha vida, próxima e constante, desde os
dias tenros da minha infância. Tudo o que posso desejar para as outras pessoas,
hoje, é que todas elas também sejam abençoadas com a presença de almas boas em
sua vida, tão próximas e constantes, como o sorriso simples e meigo, sem
fingimentos, de uma irmã, pois todos merecemos, senão, carecemos, de uma alma
boa em nossa vida!
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