Monday, December 14, 2015

Formatura do Curso de Tradutor Classe de 2015

   Embora não tenha sido escolhido para fazer o discurso de formatura da classe de 2015, vou manter a tradição, e postar aqui o discurso que teria feito. Não há revanchismo. O curso tem outros professores e eles merecem ser ouvidos. De fato, fico feliz quando não sou escolhido porque isso valoriza as vezes em que sou. Eu fui em 2013 e 2014, e espero sê-lo de novo, no futuro. Apesar disso, todos os meus parentes sabem que eu não gosto de formatura. Fora a formatura de teologia, à qual eu fui obrigado a comparecer, eu nunca fui a outra formatura minha. Como diz Robert Orben, “uma formatura é um evento em que a pessoa que faz o discurso diz para vários alunos vestidos em becas idênticas que a individualidade é a chave do sucesso!” Para mim, isso não faz sentido. Então, por que eu sempre venho à formatura? Eu venho a toda formatura do curso de tradutor porque eu aprendi a amar e respeitar os alunos desse curso. Aprendi a valorizar o esforço que fazem para dominar as línguas estrangeiras e o quanto se doam para ter sucesso individualmente.
   Minha esperança é que este momento tão intenso que vivem agora os una para sempre. Que a amizade da qual sou testemunha possa acompanhá-los quando encontrarem a cara metade, quando tiverem bebês, quando tiverem o primeiro emprego do qual tenham orgulho de fato, quando ganharem os primeiros prêmios e quando conquistarem seu primeiro milhão de dólares. Nesse momento, lembrem-se especialmente de seus professores. Mas não se enganem. Como disse John Green recentemente, muita gente idiota se forma na faculdade. Por isso, não cedam à tentação de se tornarem pessoas idiotas. Pode até ser que lhes pareça, mas vocês vão descobrir em breve que a formatura não é o dia mais importante de sua vida. Segundo Susan B. Anthony, os dias mais importantes da vida da gente “aparecem sem anunciar, são como cães vira-latas que entram sem cerimônia”. Hoje é um dia de cerimônia. Valorizem-no. No entanto, aguardem ansiosamente pelos dias sem cerimônia em que vocês encontrarão a felicidade que merecem.
   Não creiam nas mentiras que sua falta de experiência possa lhes estar contando neste momento. O que esta formatura significa de fato? O que ela vai valer para o seu futuro? Será que, com ela e por causa dela, vocês vão conseguir um bom emprego? Será que vocês vão se mudar para Campinas, ou Belo Horizonte, ou Tóquio? Será que vocês vão escrever uma peça, ou pintar um quadro, ou encontrar o verdadeiro amor? Que poderes esta formatura lhes concede agora? Será que ela vai servir apenas para lhes conceder um culpado – um professor ou funcionário do UNASP – que vai virar sua desculpa pelos tropeços e fracassos futuros?
   Ray Bradbury disse certa vez que não acreditava em faculdades. Ele dizia que acreditava em bibliotecas. Hoje nós praticamente nem necessitamos mais de bibliotecas. A internet é nossa biblioteca! E eu continuo acreditando em faculdades. Não apenas pelos conteúdos que elas podem ensinar, mas pelos sentimentos que elas podem colocar em seu coração, as aspirações, os sonhos, as amizades, um desejo voluptuoso e insaciável de vencer na vida e ser alguém, construído em cada interação com seus ótimos e exigentes professores e na troca de experiências com seus colegas fiéis, diligentes e solícitos. Eu nunca vou me esquecer de vocês: Bárbara, Camila, César, Danielle, Djanary, Edna, Ellen, Evellyn, Gabriela, João Lucas, Jonathan, Márcio, Nayara, Olívia, Raquel, Roseane, Sthefania e Taila. E eu peço: nunca se esqueçam de nós e uns dos outros. E a melhor maneira de vocês honrarem a confiança que seus professores depositaram em vocês... a melhor forma de vocês mostrarem que se lembram de nós... é sendo felizes e contribuindo para a felicidade das pessoas que Deus colocar em seu caminho. Sejam, portanto, felizes!


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