Saturday, February 11, 2017

Steve Jobs e a autenticidade da vida

por Milton L. Torres

No dia 12 de junho de 2005, Steve Jobs fez um discurso de formatura na Universidade de Stanford que já se tornou um clássico. Não sou especialmente fã de Steve Jobs nem vou repetir o discurso. O que me afasta da Apple não é, porém, o seu CEO, mas o esnobismo de muita gente que usa os seus produtos. Mesmo assim, vou me ater a uma frase na qual Jobs expressa uma grande verdade. Ele disse (abro aspas): Seu tempo é limitado. Não perca tempo vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixe prender pelo dogma. [E ele, então, dá sua definição de dogma: viver a vida segundo o raciocínio alheio...] Tenha coragem de seguir o próprio coração (fecho aspas). Ele tem razão. Não vale mesmo a pena viver uma vida pautada nas opiniões dos outros.
A fala de Jobs me lembra um poema de Walt Whitman, a quem estimo e admiro muito mais. Abro aspas de novo: O que você deve fazer é amar a terra, o sol e os animais; menosprezar as riquezas; dar esmolas a quem pedir; proteger os tolos e os incapazes; dar parte de seu tempo e renda ao próximo; detestar tiranos; nunca brigar por causa de Deus; não tirar o chapéu para nada, nem ninguém; ficar à vontade entre os poderosos, os sem-cultura e as mães; reexaminar tudo o que você aprendeu na escola, na igreja ou nos livros e abrir mão do que insulta a alma (fecho aspas).
Não vou tentar interpretar essas falas para você. Não é preciso. Mas existe sim uma relação entre o que Jobs e Whitman disseram e a forma como encaramos nossos dias, um após o outro. Não viver dogmas e abandonar o que insulta a alma são gestos equivalentes, postura de quem quer assumir responsabilidade pelas próprias decisões, pela própria vida. Tenho a impressão de que Jobs nunca foi verdadeiramente feliz. Nesta vida, não existem garantias para a felicidade. Mesmo um homem tão bem sucedido profissional e financeiramente pode chegar vazio ao final de sua existência. Aliás, as pessoas podem ser felizes e, então, morrer, mas ninguém morre feliz. Isso não impede, porém, que aproveitemos a sabedoria que essas pessoas coletaram ao longo da vida. Whitman e Jobs sugerem que a forma mais significativa de viver é a autenticidade. Espero que cheguemos lá! Eu e você.




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